Instituto pelo Diálogo Intercultural / Eventos Acadêmicos  / Conferência Posições diante do Terrorismo

Conferência Posições diante do Terrorismo

https://www.brasilturquia.com.br/sub.php?id=1284

Nos dias 08 e 09 de março de 2016, Centro Cultural Brasil-Turquia organizou no Teatro Cásper Líbero a “Conferência Internacional – Religiões, Intelectuais e Mídia: Posições diante do Terrorismo”, em parceria com diversas instituições. A conferência contou com participantes brasileiros e estrangeiros e promoveu debate sobre as causas e consequências do terrorismo ao redor do mundo, a partir de três grandes áreas: Mídia, Intelectuais e Religiões. O interesse do público foi tão grande que para 420 assentos disponíveis, houve um número recorde de inscrições, mais de 900!

O reitor da Faculdade Casper Libero, Prof. Carlos Costa, deu boas-vindas aos conferencistas e os participantes, na manhã do dia 08 de março. O discurso dele foi marcado com um ato de um minuto de silêncio pela lembrança de todas as vítimas do terror e da intolerância. Prof. Bernardo Sorj fez abertura da conferência em nome do Conselho Acadêmico da Conferência, formado por renomados brasileiros: Prof. Dr. Fernando Altemeyer, da PUC-SP, Prof. Dr. Peter Demant, da USP, Prof. Dr. Murilo Meihy da UFRJ, Prof. Dr. Bernardo Sorj do Instituto Edelstein-RJ, Prof. Dr. Roberto Chiachiri da FCL. Prof. Sorj, falou sobre a abertura do Centro Cultural Brasil-Turquia ao diálogo e sobre sua expectativa em relação à conferência: “Que ela gere um momento de reflexão no público, pois, queiramos ou não, gostemos ou não, o terrorismo é um problema que nos atinge” e parabenizou o CCBT por organizar um evento de tanta relevância.

O Keynote Speaker da conferência foi o intelectual brasileiro Mario Sergio Cortella, docente da PUC-SP e especialista educacional. Ele reforçou o tamanho da insensibilidade apresentada pelos grupos terroristas que matam seus semelhantes, resumindo na máxima “O homem feri a si mesmo”, e a falta de empatia presente nos dias atuais, uma vez que não enxerga no outro a figura de um “irmão”, mesmo com a existência de diferenças. “Difícil é amar o próximo; é mais fácil amar quem está longe.” afirmou. Para Cortella, o diálogo e o ensino são o caminho para se trilhar um futuro sem medo e com tolerância. Finalizando sua participação, profanou que “a morte serve para lembrar a vida”, em alusão ao pouco valor conferido a vítimas mortas por ações terroristas. 

MESA DE MÍDIA

A Mesa de Mídia, a primeira a ser apresentada no dia 08 de março, contou com a presença do Jornalista Lourival Sant’Anna, com ampla experiência em cobertura de conflitos, e da Professora de História da Ásia da UNIFESP, Samira Adel Osman. Infelizmente, a Colunista do Jornal Turco Today’s Zaman, Sevgi Akarçesme, não pôde estar presente devido a onda de repressão à liberdade de impressa no país. No dia 04 de março de 2016, Autoridades da Turquia tomaram o controle do jornal Zaman, impossibilitando a presença da jornalista. 

A jornalista Sevgi Akarçesme enviou um vídeo e um pronunciamento, que foi lido durante o evento. Em ambos, enfatiza que “as ditaduras utilizam o terrorismo como uma forma de silenciar as críticas”. Sofrendo na pele, ela contou como o governo turco alega, sem provas, que seu jornal foi acusado de “difundir propagandas terroristas”. Ela foi obrigada a abandoná-lo e deixar o país.

Lourival Sant’Anna explanou ao público de que forma o Terrorismo é tratado pelo jornalismo atual, enfatizando as diferenças dos veículos de cada país. “A BBC é mais ligada à sensibilidade, não utiliza a palavra ‘terrorista’. No Brasil, chamamos as coisas do que elas são, sem eufemismos”, afirmou. Em seguida, Samira focou-se na vertente Islã e apresentou imagens e fragmentos textuais midiáticos, que mencionassem a cultura muçulmana no Brasil e sua influência na criação de um estereotipo e preconceitos contra os que a praticam essa.

Samira Adel Osman explicou, também, que o terrorismo tem uma outra expressão na América Latina – A violência urbana. São situações distintas, mas que podem ser aproximadas por tratar-se de explosões de violência exacerbada. ‘’Qual a nossa reação?‘’, questionou. Normalmente, a reação parte para o lado emocional, e por isso é fácil de manipular. Com isso, explicou o sucesso do terrorismo nos lugares de conflito, já que a manipulação é mais fácil na lógica do grupo.

MESA DE INTELECTUAIS

A Mesa de Intelectuais também aconteceu no dia 08 de março, no período da tarde. Composta pelos professores Peter DemantJorge LasmarEric Brown e Kerim Balci, todos com amplo conhecimento, a mesa abordou temas interessantíssimos e provocou questionamentos intrigantes no público. A mesa de mídia foi mediada pelo Prof. Roberto Chiachiri, vice-diretor da Casper Libero.

Para o historiador Peter Demant, o Estado Islâmico é a organização terrorista mais bem-sucedida da história, porque alia estratégia à propaganda por meio do terror. Os jihadistas, disse ele, são, na sua maioria, jovens da segunda geração de emigrantes do Oriente Médio com destino à Europa. Ele apontou como fator principal arregimentador a política americana para o Oriente Médio e suas consequências. São jovens excluídos da sociedade, sem opções. Demant enumerou outros fatores que contribuíram para o crescimento do grupo, como a crise econômica em países europeus e a tolerância de governos de esquerda com o radicalismo. Qualquer solução para conter o grupo, avaliou, passa pela contenção do “arrebanhamento” de jovens. Estes, afirmou, buscam um ‘pertencimento’ que não encontram nas sociedades europeias. Peter Demant afirmou que há diferença entre o Islã, um conceito político, e o islamismo, religião.  “É importante destacar que islamizar a radicalização é a negação da religião”.

Seguindo a linha de pensamento de Demant, Jorge Lasmar observou que terrorismo e islamismo não se misturam, ou seja, que não há nada na religião que permita ou incentive assassinatos e ataques. “Terrorismo não é um fenômeno do islamismo. Grupos usam a religião como pretexto para agir livremente em alguns países. O fato é que 67% dos atentados terroristas no mundo ocidental são de natureza não religiosa”, acrescentou. Uma das frases que mais chamou a atenção foi a do professor Jorge Lasmar (PUC- Minas), ao dizer que “Terrorismo não é um fenômeno do Islamismo”. A discussão teve como objetivo fazer com que o público compreendesse e discutisse as razões da existência do terrorismo e do pré-conceito estabelecido sobre o mesmo. Outros pontos interessantes abordados na palestra foram: os motivos que atraem os jovens para adentrar a facção Islã; a romantização do Islamismo; Islamofobia e xenofobia; ensino e diálogo como forma de acabar com os preconceitos; liberdade religiosa e o papel do governo diante de toda a situação atual dos países que sofrem com o EI (Estado Islâmico). Além disso, eles também criticaram a forma como a divulgação do assunto é feita, haja vista que ela não apresenta de forma totalmente correta todos os aspectos dos conflitos, levando com que muita coisa que é cultural do povo árabe seja atribuída à religião muçulmana. 

Eric Brown, do Hudson Institute, focou a questão da educação e do diálogo e como ambos são indispensáveis para combater o terrorismo. Depois, comentou os ideais republicanos para a obtenção de paz: leis, participação e liberdade religiosa.

Kerim Balci, editor-chefe da revista Turkish Review, destacou que as opiniões de líderes são importantes para detectar movimentos de massa e vê na educação a ferramenta fundamental para mudar mentes. Também comentou sobre a importância dos formadores de opinião, que ensinam coisas novas e fazem com que o público acredite em algo que está em descrédito, como, por exemplo, a paz. “É preciso universalizar o discurso, para que atinja todos e não só um grupo específico. Como jornalista, posso dizer que é muito difícil mudar opiniões depois que elas se cristalizam. Por isso, devemos recusar a retórica e investir mais na educação de jovens”. Ele questionou o papel do jornalista na atualidade, alegando que há uma certa simbiose entre jornalismo e terrorismo, e que caberia à mídia focar mais as ações dos formadores de opinião e menos o sangue derramado pelo terrorismo.

Uma pergunta sobre a forma como o sistema educacional americano trata o terrorismo foi levantada durante o debate. Eric Brown respondeu “O terrorismo é um problema novo. Por conta disso, os americanos ainda não sabem como abordá-lo.”

CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo

MESA DE RELIGIÕES

A Mesa sobre Religiões, no dia 09 de março, contou com a presença de cinco expoentes do mundo religioso: Reverendo Dirk FiccaDom Julio Endi AkamineRabino Michel SchlesingerSheikh Samir Boudinar e Teologo Suleyman Eric e o mediador, Fernando Altemeyer Jr., docente da PUC-SP. 

O representante católico, bispo auxiliar de São Paulo, Dom Julio, destacou a importância de sempre buscar o bem, independentemente das condições, e que, por meio de pequenas ações, muitas pessoas podem mudar todo o cenário global. Além disso, ele condenou a prática usuária e mercantil que é feita a partir desse tema. 

Já o representante judeu, Rabino Michel Schlesinger, seguiu uma linha parecida, afirmando a importância de se fazer o bem ao próximo, como escape de tamanha crueldade. Para Schlesinger, “a Torá apresenta diversas relações conflituosas entre irmãos para nos conscientizar que o desafio da convivência é complexo”.

Reverendo Dirk Ficca, da igreja presbiteriana de Chicago, disse que a religião pode incitar e inspirar seus adeptos, a respeitar os outros, sem esperar por isso algo em troca e para não responder a violência pela violência.

Os representantes muçulmanos, Sheik Samir Boudinar e Teólogo Suleyman Eris criticaram o mau uso da religião realizada pelos terroristas, que distorcem conceitos e preceitos da religião islâmica, na busca por criarem grandes impérios teocráticos ao redor do mundo, por exemplo. O melhor exemplo disso é o uso que estes fazem da ideia do Jihad, que nada mais é do que a luta interna de todo muçulmano na busca por um mundo mais justo, como pretexto e justificativa para os ataques terroristas realizados atualmente.

Fethullah Gülen, inspirador do Movimento Hizmet, enviou uma carta à conferência, que foi lida pelo presidente do CCBT, Mustafa Göktepe. Leia  carta ineira aqui.

Dessa forma, os ambientes de discussão e diálogo são essenciais para a discussão e o entendimento de um assunto tão delicado e passível de diversas dúvidas, como o terrorismo. Em algumas horas, não iremos encontrar uma solução palpável para tal patologia, mas compreendemos que a tolerância e a compreensão da situação do próximo são uma das entradas desse labirinto chamado vida.

A conferência foi encerrada com discurso do Mustafa Göktepe, presidente do CCBT, organizador do evento. Ele agradeceu à equipe do CCBT pelo esforço na organização da conferência, aos dirigentes e equipe da Casper Libero, aos conferencistas e participante, a acrescentou: “Estamos com sensação de dever cumprido. É um orgulho ao CCBT realizar essa conferência de um tema de extrema importância e contribuir para um mundo melhor, mais pacífico e unido”.

CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo

FONTES DAS INFORMAÇÕES
Site da conferência / Centro Cultural Brasil-Turquia (CCBT): http://conferenciasobreterrorismo.com.br/ 
Faculdade Casper Libero: http://falauniversidades.com.br/
TV Gazeta: http://www.tvgazeta.com.br/
Confederação Israelita do Brasil (CONIB): http://www.conib.org.br/

Notícia sobra conferência na TV Gazeta:

A mensagem que Sevgi Akarçesme enviou para a conferência:

Assista ao vídeo completo da conferência:

MESA DE MÍDIA

MESA DE RELIGIÕES

FOTOS:

CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo
CCBT organizou Conferência Internacional Sobre Terrorismo